quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Sou isso...

As vezes a gente bate de frente com a gente mesmo
como quem forma colisão entre caminhões
Perdemoso sentido e valor das coisas importantes
E nos deixamos levar por diversas emoções
Ando meio assim, sem eira, sem beira
No limite indiscritivel entre a razão e a loucura
Não me encontro mais onde costumava me encontrar
Meu nome não mais flutua entre becos, ruas...
Estou pouco a vontade com tudo
E tambem ja cansei de procurar certos sentidos
Um dia desses me vi envolvido numas experiencias malucas
coisas que me deixaram inteiramente comovido
Foi ai que me vi pequeno, fragil, sensivel
E por dias afogado nesse mar segui pensando coisas absurdas
Por vezes eram sonhos lindos, por vezes pesadelos
ambos misturados a minha realidade nua e crua
Pensei estar ilhado
Ora fé cega, ora ceticismo
algumas vezes flutuando
outras beirando o abismo
Verdade, estou distante de mim assim como estou de tudo
Feito aquele caminhão descendo a ladeira sem freio
Feito as partes que brigam mesmo vivendo meio a meio
Minha cabeça parece um vulcão que a qualquer hora pode explodir
Penso sem pensar
Crio sem agir
E tudo se perde na mesma velocidade que meu universo gira
Sou minha super-nova
Um buraco negro
sugando a luz das estrelas
desaparecendo
Sou um grito
Uma força sem destino
Atrito
Silencio

Sou isso
Sem creme, morango, velinha e recheio

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

A inocencia é um parametro para medir nossa sem-vergonhice

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Ou

Correndo driblando fugindo das viaturas
sem medo de dar com a morte
pensando só em sua fuga
queria viver em paz com a familia e amigos
Mas deu de cara com o azar ja quando era menino
desde pequenos pedinte
hoje marmanjo na luta
mete os canos nos ricos
Não gosta de vida dura
sangue nos olhos tem disposição pra dar e vender
Ele não reza pra dormir, ou é matar ou morrer
agora sua correria vai ser apenas uma
ou pique de velocista, ou de defunto na rua

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Liquidificador velho.

Quese dane essa merda de poesia
Que embeleza o que eu tenho de mais errado
Quando alguem achai isso bonito
Me bate um lance, e até me sinto culpado
Tô do avesso, tudo sai do contrario
Chego a pensar que vivo em outro mundo
outro tempo, outra musica, outra historia
outro tudo...
Que merda de poesia
Pra ser sincero essa porra de rimar é um absurdo
Minhas rimas são pobres, inexperientes
a gramatica é um lixo, e meus dedos deveriam continuar mudos
palavras atras de palavras
e eu teclando essa falta de talento
Devo fazer isso pra aliviar a tensão dentro de mim
Devo fazer isso por puro desprendimento
teclando letrinha por letrinha
fazendo qualquer coisa, qualquer bosta
o tipo de coisa que a gente só revela pra nós mesmos
Pra fugir de uma depressão, de uma fossa
Poesia maldita
Acumulo de nóias, conflitos, tormentas
que a gente solta no ar feito balão
E acaba enrroscando em alguma nuvem cinzenta
Coisa de vadio, de quem não dorme direito
De quem tem medo de acordar
E se deparar com a mesma realidade de sempre
Nada de flores, moedas, caviar
nada de nada, a mesma batalha, sem campo, sem vitoria
A mesma musica horrivel sendo cantada mundo a fora
Eu escrevo pra matar o tempo, minhas angustias e medos
Escrevo pra espantar o tedio, soltar meus demonios, acalmar meus pesadelos
Não tem nada de belo, de rico, sublime ou poetico
Esse texto é tão importante quanto um liquidificador velho.

domingo, 1 de novembro de 2009

Parece que acordei num cativeiro
boca, mãos, pernas atadas
ninguem eu vi, resumindo não vi nada
e pra variar a luz estava apagada
eram passos afoitos de um lado pro outro e do outro pra lá
e derrepente o vazio, silencio, alguem mexe no trinco e começa a entrar
salto alto é o som que rompe o silencio em minha direção
e segura em meu rosto pegando apertado botando pressão
E senti um arrepio quando sua boca procurou por mim
desviando minha boca beijando as beiras com batom carmim

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Uma arma engatilhada pronta pra cuspir vingança
as memorias encravas obstruindo aquela dança
onde o passado e futuro se confundem com o presente
transformando a ideia sobria em realidade crente.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Veio em minha direção feito uma pedra
e me acertou em cheio feito um alvo
não sei se era eu quem estava na mira
do tipo quem anda aereo cuspindo pro alto
chorei pois a dor foi forte e tão verdadeira
você ja preparava novamente o alvo
calado eu respirei para não dar mais bandeira
sem sorte o que restava era ficar quieto e calmo
Sorriu, vi em seus labios o sorriso de gloria
ao ver o animal abatido derrotado
mais uma cabeça é sinal de vitoria
mais carne pra janta, que hoje tem assado.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Do lado direito da cama uma garrafa vazia de cachaça
Dizem que é tristeza e que por causa disso ele se embriaga
Me disseram que foi desamor fruto de uma antiga desarmonia
Ali a seu lado, foi fácil de perceber o quanto ele sofria.
Quando cheguei ele estava caído no banheiro, fudido, o Box quebrado
havia sangue em seu rosto, no chão, pois ele tinha se machucado.
Era mais um dia como outro qualquer, e ele ali desacordado
Sem dignidade, sem orgulho, sem vergonha na cara, sem amparo.
Poucos aqui o conheceram como o cara integro e sóbrio que um dia conheci
um alfaiate de respeito, de talento, daqueles que não se encontra mais por ai
Debaixo do chuveiro, caído do chão, sangue e lagrima se misturavam de forma nauseante
Infelizmente é de dar dó, ver alguém neste estado humilhante.
Totalmente entregue as fraquezas e armadilhas da vida.
Mas quem sou eu pra julgar essa ferida?
O ajudei a se levantar, se localizar, ficar acordado
E pra isso tive a ajuda da água gelada em sua cara e um bom café amargo.
É foda ver alguém que você gosta se desintegrando dessa forma em sua frente
Diluído, desorientado, demolido, doente...
A treta maior é quando o individuo perde o valor pela própria existência
ai nada mais tem peso, nem palavras amigas, nem a própria consciência
O cara se sente um lixo, e sua dor maior é até mesmo a falta de coragem de se matar
E por isso ele bebe, e por essas que ele se deixa levar
Eu o ajudei, fiquei por duas horas ali, ao seu lado observando
parecia uma criança, aquele cara que tinha sido um homem e tanto.
Conversamos um pouco e mesmo ébrio entendia muito bem seu próprio estado.
Até arrisquei junto a ele uma reza pra acalmar aquele espírito perturbado.
Eu o ajudei daquela maneira, pois derrepente deparei frente a frente com minha vida...
Afinal ninguém esta livre de viver a mesma situação e ter o fracasso como sina.
Essas porra de sentimentos transitórios que levam ao desgaste da razão
As porradas que a gente leva da vida sem aviso prévio, sem carta de notificação
Sentado ali, pude perceber que sua maquina de costura estava abandonada
Seu dom estava sendo desprezado, suas verdades, seus desejos, e todo seu entusiasmo.
Ali vi um homem sem mascaras, minado, sem as vestes de suas vontades
Diante de mim, na integra, estava um ser humano de verdade.

sábado, 24 de outubro de 2009

Bairrismo?
Como definir isso?

Muitas casas velhas ainda por terminar
Mas por aqui não tem quem não as chame de meu lar

Suas ruas pequenas, paralelepípedos, terra batida
Cachorros vira-latas brigando por migalhas de comida

Nos muros são cores, grafites, pixações, ruínas...
Aglomerações de jovens em cada esquina.

Som alto nos carros ,rap ,funk ,forro ,pagode
Quitandas, bazares, granjas,vendinhas, casas do norte.

No céu tem pipa, nos campinhos a meninada,
Entre os fios de energia, linhas emaranhadas.

Nos botecos tem sinuca, tem coxinha, churrasquinho...
Pingaiada, papo bom, esqueminha, e varios conflitos.

Criança não falta, acho que brotam da terra
Brincadeiras de rua, esconde-esconde, cabra-cega,

Têm os nóia, as pirigueti, os malandro, as fofoqueira,
Os crentes, as beatas, os traficantes, as macumbeiras
benzedeira, costureira, bordadeira, rendeira,
Eletricista, torneiro, pastor, cabeleireira...

Nas calçadas tem sorrisos, amizades, solidão
Pra tudo rola uma festa, e comemoração

Pelada no campo, e de torcida a família
No terreiro a pomba gira
Na igreja o pastor e a bíblia
Em casa o marido chinga
Menina que já tem filha
Moleque que morre em briga
João ganhou com trinca.

E o tempo não para e passa
E nem tudo passa com o tempo
Bom dia, ainda se escuta
Pra tantos que acordam cedo

É sorte, é pau, é pedra, rotina, acertos, falhas
São cartas, choros e velas, irmãos atrás das muralhas

Mulheres batalhadoras que vencem que fazem historia.
Esposas, mães, divindades, que oram e pedem gloria.

O lugar é esse, imperfeito e aconchegante
A fé que gera alegria é a mesma que move montanha
Quem vem de fora estranha
Pechincha, troca, barganha
Uns perdem e outros ganham
Vontades que se inflamam

É assim esse lugar; que eu chamo de meu lugar.
Motivos pra ir embora e vários pra ficar

Mas talvez pra você isso não seja tudo aquilo
Mas pra mim é!
Isso que eu chamo de bairrismo.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O inimigo é aquilo que vem de mim e me agride
Me toma a mente e me faz pensar o que não existe
Suprime o peito, seca a boca, fraqueja, entorta
Muda minha face, pensamentos, atiça, provoca
O inimigo é o tempo, o clima, enganos, propostas
Vontade, ou mesmo a força que nos motiva e se esgota
A depressão, o marasmo, a vontade por mudanças que apressa o ser minado e o transforma em criança.
O inimigo é o bom trato, o descaso, a ansiedade
Recados mal dados, atos, requintes de crueldade
É ver a si mesmo no fundo escuro do poço,
desespero, abandono, saudade, febre, desgosto...
Eu sou o inimigo, sou o alvo, o arco e a flecha
Sou eu o que irrita
Sou eu o que não presta
sou a força que emana da terra e puxa pra baixo
A vontade de não ir
Eu sou o próprio fracasso
Eu não avanço, não ando, não sumo, não modifico
É apenas isso que eu chamo de meu grande inimigo.
Entre o cinza que apaga todo colorido
Vejo manifestações estranhas,
Imagens confusas de uma nova civilização...
Meu medo?
Ser mais um...

Metódico, frio, calculista, implacável
De um Ice Berg a evolução inegável
Instável, fruto nobre desta decadência
Maldade sem pudor, crua indecência
Almoça a inocência feito maquina
Deixando a paz atônita e a alegria estática
São tantas lagrimas que caem em desespero
E ele segue calmo descalço entre os cacos de vidro
Do que esse anjo é movido?
De caos, sofrimento, angustia,
Motivos...
Os mais diversos que resultam em maldade
Craque em destruição, mestre da falsidade
Covarde, pode se dizer que é um covarde
Nega sua condição, insulta sua verdade
Engole sonhos feito um redemoinho
Mastiga rosas mesmo com todos espinhos
Um brinde, um copo de vinho ao ser incógnito
De motivo lógico, sustentando o obvio
De caráter solido inteiramente sórdido
Mais um no mundo, mais um ser melancólico.
Sem nada pra provar a verdade
corri em direção ao campinho
me perdi por entre as vielas
cai umas duas vezes no caminho
na ultima cai de joelho
pela ultima vez pedi por perdão
Mas quem deve não tem escolha.

Fudeu.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Dizem que são trevas
Eu encaro apenas como noite
A lua me acompanha
Gerando luz em seu reflexo
A lua me acompanha
Nessa dor com gosto de açoite
Por vezes me detesto
Por não encontrar em tudo um nexo
Dizem que são trevas
Quando possuimos pouca sorte
As vezes é só manha
Preguiça diante um mundo tão complexo
Nem sempre a gente ganha
Tem dias que levamos coice
Esse é meu manifesto
Por não encontrar em tudo um nexo

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Tranquilidade me toma como quem toma conhaque
é uma leseira gostosa que o meu mundo invade
e filtra toda energia relaxando a mente,
parece que fico lerdo mais eu to mais que ciente, entende?
Eu fico assim um pouco que fora do ar
placa de espera com aviso pra voltar
Sinto tudo e muito num completo absurdo
fico esperto e certo de que eu domino o mundo, vou fundo.
E quanta idéia velha, e quanto cheque-mate
quanto cortina de fogo pra conquistar minha parte
Eu tô falando, tô doido, eu tô varrido, chutado
Quero entender essa paz e o seu manto sagrado...
Debaixo dessa arvore descanso fico de boa curtindo aquela brisa que ameniza a vida louca, dois trampos, uma familia, com filhos, cachorro e gato, sem tempo pra respirar, rotina e puro marasmos...
Não era esse o plano e nem era pra ser assim, queria ter muita grana, mas não foi bem por ai, só conta pra pagar, mas de tudo tem no barraco, a mulher sempre reclama mas to acostumado...
Sei que gosta muito de mim, e que gosta mesmo assim, sem um puto no bolso, as vezes nem pra um sorvete, mas quando sobra um troco tem pra cinema e presentes...
Eles tem orgulho de mim...
Como não gostar de algo assim?
E nessa sombra tranquila, de boa em frente ao campo, sonho com a vida que não tive e continuo fumando...
E quando a brisa passar volto pro lar, abraço a minha preta, os muleque e vou deitar...
Não tem dinheiro no mundo que pague isso
Não troco essa paz na terra pra ser um rico
É bem humilde essa vida, mas ai, eu amo tanto
Por isso ralo dobrado, e quase eu não descanso!
Gravida de dois guris,de duas vidas
e eu querendo me livrar daquela mina
Neguei até a alma, neguei minhas crianças
larguei ela na mão sozinha e sem esperança
Ela implorou pra me rever
Me perguntou como iria viver
Lembro dela em minha frente muda
E eu dizendo a todos que ela era uma puta.
Eu fui cruel, desumano fiz ela triste
E olha que ela ainda era virgem.
Tinha trabalho, tinha familia
E a jogaram na rua com sua barriga
Depois sumiu no mundo,
Depois mudou de vida,
E se tornou prostituta pra alimentar suas crias
Eu soube que um morreu de fome
E o outro com doze anos se acha homem
dizem que até puxou o pai
que é o cão e já não presta mais...
Pois é, essa é minha familia
Por não ser homem destrui com essas vidas
Mas tudo bem, ja to levando o troco.
Aqui nessa cela eu que sou a mulher dos outros.
Filho da puta ta olhando depois de me bater
nesse terreno baldio que final que eu vou ter
Os muleke correu, tropecei, fiquei sozinho
Agora não tem perdão, vão me tirar o espinho
Ele olha, me ronda, ameaça e me cerca
trepado com uma 12 e apetite de uma fera
ta esperando uma ligação pra me apagar
Ja disse se eu me livrar, depois vai me pegar
Eu sei que eu mereço, não rezo, sou bicho solto
não tenho amor por mim, não tenho amor por outros
assim que eu me criei, assim é que eu vivo
tão morto quanto defunto e mortal feito um missil
ele olha nos meus olhos, eu sei o que ele quer
uma brecha nessas amarras e eu vou é dar no pé
Se pá peço pra deus, se pá para o diabo
Se eu escapar daqui eu mato esse arrombado
pois é, eu ja sei, minha raiz que não presta
minha mãe uma fudida e meu pai morreu na cela
Na tela ja vi meu rosto, eu ja sai em jornal
sequestro, latrocinio, homicidio, não sou legal
Fudeu o celular tocou ele sorri
Chegou a minha hora eu tambem vou sorrir
não vou dar pra ele o sabor da minha agonia
Vai puto pode atirar, olha o olhar de alegria.
Devo ter fumado uns dois
eu tô no grau do capeta
eu tô perdido no ar
minha cabeça a 40
ja me chamaram pra fazer os boy
eu tô de boa
emprestei até o cano
e to só na lombra
A pipa tava na mão
neguinho veio cortar
tô cheio de cerol
pode vir pra me buscar

descarrega essa linha
vou laçar vagabundo
no céu é minha lei
aqui faço de tudo

aqui tenho respeito
sou perito em pipa
se é pra desbicar
desbica que é noiz na fita

poeira sobe no campo
o vento fica mais forte
a minha linha é corrente
me corta se tiver sorte

na rua faço estrago
aqui é o dia inteiro
coleciono trofeu
o campo é o meu reino

o olho ja ta vermelho
de tanto olhar pro sol
a pele bem bronzeada
e o tenis sujo de pó

os dedo tudo cortado
a roupa toda suada
não tem dia, nem horario
não tem folga nem nada

se o vento ta rasoavel
pode ser em noite de lua
Eu pego meus aparatos
E me jogo na rua.
Eu quero mais que se foda
quero falar o que meder na cabeça
independente de quem leia
ou de quem compreenda
mas não tem nada pra entender
é isso, o plano é esse
digitar minhas nóias, frustrações e prazeres